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Entre o Porco Alentejano e a Política: Uma História de Sabores e Desilusões

Quando se fala no Alentejo, a primeira ideia que vem à mente é a serenidade das suas paisagens, os campos a perder de vista, a calidez das suas gentes. Mas, claro, também há os sabores que tornam esta região única – e ninguém o exemplifica melhor que o “Porco Alentejano”. Esse emblema gastronómico que, em Arronches, ganha vida na 1ª edição do Festival “Saberes e Sabores do Porco Alentejano”. Este evento, que decorre até dia 30 de março, é mais do que uma simples festa de gastronomia: é um hino à cultura e ao trabalho das gentes da terra

No entanto, o festival também serve de metáfora para algo maior: a discrepância entre o trabalho dos políticos que, em várias zonas do país, se devotam ao serviço das pessoas, e aqueles que, em certos cantos da Beira Baixa, parecem ter trocado a função pública por promessas vazias e anúncios retóricos.

João Crespo, o presidente da Câmara Municipal de Arronches, eleito pelo PSD,  é um exemplo claro de liderança focada naquilo que realmente importa: as pessoas e a sua qualidade de vida. O festival, com toda a sua diversidade de atividades – desde conferências sobre o porco alentejano a oficinas infantis, aos expositores de produtores e revendedores dos produtos da região, estimulando desta forma  a Economia Circular, passando por showcookings com o chef Vítor Chantre e espetáculos musicais como o do Sangre Ibérico – é uma clara demonstração de que, quando há vontade política genuína, as coisas acontecem.

Aliás, não faltam boas ideias a este evento, que inclui exposições sobre o porco alentejano e alfaias agrícolas, zonas de diversão para as famílias, e até uma recriação da tradicional matança do porco pela Academia Sénior de Arronches. Esta capacidade de aliar a cultura, o saber e o sabor é uma verdadeira inspiração, mas, no fundo, não se trata apenas de um festival gastronómico. Trata-se de um símbolo de como as pequenas e médias localidades podem prosperar, mesmo quando, à sua volta, o país parece estar a ser consumido pela indiferença política.

E é precisamente aqui que surge a ironia da situação. Enquanto o Alentejo floresce com iniciativas como a de Arronches, outras regiões – como a Beira Baixa – permanecem atoladas em promessas não cumpridas. O presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, eleito pelo PS, poderia ter aprendido muito com o seu homólogo de Arronches. Em vez de optar por mais discursos e mais anúncios, a cidade de Castelo Branco, capital de distrito continua a viver com ruas esburacadas, obras mal feitas e um abandono visível nas infraestruturas. A sensação que fica é a de que a gestão camarária, sob a liderança de Rodrigues, é mais uma sucessão de intenções do que de acções concretas. Quando se compara com o dinamismo e a ambição dos políticos alentejanos, o resultado é desolador.

É claro que a crítica não se limita a um partido ou outro – em Arronches, o PS, PSD,  todos parecem alinhar-se para o mesmo fim: o bem-estar das pessoas. Já em Castelo Branco, o PS parece estar mais interessado em manter-se no poder do que em fazer a cidade andar para a frente. E é triste ver como uma simples cidade de província, onde se promete tanto, mas se faz tão pouco, consegue convencer os eleitores com as mesmas promessas que nunca se concretizam.

Voltando a Arronches, a lição está bem clara. Quando há trabalho, dedicação e, acima de tudo, respeito pela população, os resultados aparecem. O festival “Saberes e Sabores do Porco Alentejano” não é apenas uma vitrine para a gastronomia regional, mas um reflexo daquilo que se pode alcançar quando os políticos realmente se preocupam com as pessoas que os elegeram. E aqui, não se trata de partidismo, mas sim de servir a comunidade com aquilo que ela merece: mais e melhor.

É, sem dúvida, um contraste feroz com as promessas vazias e os projetos falhados de algumas câmaras, que continuam a vender ilusões em vez de soluções. Por isso, ao lado do porco alentejano, talvez o maior sabor que se possa tirar deste evento seja o da amarga realidade política que muitos tentam disfarçar, mas que continua bem visível aos olhos de todos. O que falta em certas câmaras é o ingrediente essencial para o sucesso: vontade de fazer bem feito. E enquanto Arronches celebra o sabor do porco alentejano, outras terras vão-se perdendo no vazio das promessas não cumpridas. E essa, sim, é a verdadeira tragédia de Portugal.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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