Il Capo Netanyahu, primeiro-ministro da república israelita do esquadro e régua, quer acabar com a terra dos filisteus. Acontece que a legitimidade que tem é igual à daquele juiz desarranjado que não quer entregar o filho de dez anos à mãe da criança. Ou à da de Marques Mendes para fazer o que quer que seja.
Os filisteus são um povo que data da idade do Ferro e chegaram às margens mediterrânicas do Médio Oriente muito antes dos de Abraão se mudarem da sua original localização, em Entre-os-Rios, Iraque, para as praias da palestina. Aliás, o povo hebraico é uma bela confluência de comunidades que estavam tanto no Iraque, no sul do Egipto e depois subiram para ganhar a vida para o misterioso e africano país das pirâmides. Enquanto isso os filisteus (hoje, palestinos), já habitavam naquele território, sem grandes querelas. Os israelitas, depois de se converterem às alegadas palavras de Abraão, e se dizerem judeus, andaram em bolandas, sem saber onde parar, e lá se dissiparam em territórios de outros, com força à mistura e um empurrãozinho babilónico.
Ainda hoje os historiadores, arqueólogos, antropólogos e semelhantes não fazem a mínima ideia de onde apareceram estes modernos “israelitas”, uma vez que as fontes históricas não são seguras e, pior ainda, o Antigo Testamento, ou a Tora, só confunde a malta.
Isto para dizer que os pobres filisteus sempre andaram à pancada pelo seu “país”. Eram uma nação já no séc. XIV antes de Cristo e continuaram assim até há uns anos. Depois, perante o dilema “onde pomos estes gajos?”, que apareceu no final da Segunda Guerra Mundial, a Europa vencedora e os Estados Unidos, temendo a invasão, inventaram um país chamado “Israel”, cujas fronteira abusivas não apanhavam nada das que se pensam ser as originais, milenares, dos terrenos ocupados à força, lá muito atrás. Israel, explorando a culpa do holocausto, rapidamente abusou e, em 1948, inventou a guerra de independência, começando assim uma história de tiroteios e invasões, funcionando como agente da NATO e os EUA no centro da complicada e rica península. A ONU, entretanto, formada, depois do falhanço da Sociedade das Nações, que foi para o (permitam-me) beleléu, com a Grande Guerra, tentou ajudar o sentimento de pecado que sentia porque o bigodes facho alemão tinha assado seis milhões de judeus nas câmaras de gás dos campos de concentração.
Estas benesses a Israel tornaram o povo Abraâmico numa das mais queixinhas e bem armadas nações de todo o mundo. A culpa, como defendia Freud, tem uma força tremenda. Fora de controlo, começaram os ocidentais a reparar que os filhos de Abraão se portavam mal como as cobras, contra uma Palestina que, no fim, já só respondia à pedrada (a famosa “intifada”) – e que eram mais certeiros com calhaus e canchos a míssil do que toda a parafernália que os EUA iam dando a Israel agigantada e exagerada. Demorava-se esta a ocupar territórios muito além da chamada “linha verde”, a fronteira aceitável para o povo hebraico ali estar, em cima do território filistino. Como o resto é história que se espraia até aos dias de hoje, retiremos duas conclusões simples:
Um, os judeus, comunidade crente ou não na Tora, mas assim conhecidos pela designação geográfica mal dada, são, na maioria, pessoas extraordinárias, renovadores sociais e
intelectuais, excelentes músicos, belíssimos escritores e poetas. Têm, aqueles que vivem no país inventado, escolhido muito mal os governos extremistas e matado os líderes moderados. Por isso o problema não é o povo, que até vem para a rua berrar contra o regime. O drama é mesmo a paixão p’las armas que lhe é incutida pêlos descerebrados EUA.
Dois, os Palestinos, filhos dos Filisteus, estão a ser dizimados de forma inenarrável, contra todas as convenções e acordos internacionais. A sua protecção e da sua milenar cultura é uma obrigação de um planeta ainda muito burro e egoísta. Até nós andámos de air-fryer do Marquês a assar judeus no rossio de Lisboa. Percebendo o erro, e depois da palhaçada dos cristãos-novos, lá nos redimimos com desculpas e plaquinhas, que pouco valem. Mas os Palestinos são um povo coeso, com origem europeia, do mar Egeu e das costas gregas, quando o mundo dava alguns dos seus primeiros interessantes passos. É urgente defender os palestinos e travar os brutamontes de Tel Aviv. E escrevo-vos enquanto oiço, maravilhado, John Zorn, judeu de nascença e que tem trabalhos de recriação e improviso absolutamente geniais sobre a música judaica.
É tão simples que espanta a ganância da guerra.