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O Papa e Tolentino

À hora que vos escrevo ainda Jorge Mario Bergoglio, argentino de Buenos Aires, 88 anos, luta contra uma “pneumonia bilateral” complicadíssima. Não sei se, à hora que lerem estas linhas, o senhor estará melhor, pior ou, malfadadamente, falecido.

Por isso, tudo o que aqui vai é no condicional. Os católicos olham para o cardeal Bergoglio há 11 anos e 343 dias como Papa Francisco, primeiro desse nome. Jesuíta, lidou com cintura fina e de tango com a ditadura feroz da Argentina, militares com apoio indiferente da Santa Sé. Há quase 12 anos, quando foi eleito, estava sentado ao lado de D. José Policarpo, cardeal português de boa memória, mas já falecido. Policarpo dava-lhe cotoveladas e palavras de incentivo para se fazer à cadeira de Pedro. Mas o rapaz não deu vazão, nas primeiras votações, ao que achava mais uma “loucura” do seu amigo lisboeta. Com muita insistência, algumas piadas a meio e um apoio inexcedível de Portugal ao homem do Rio de Plata, lá se sagrou campeão do fumo branco e foi eleito Papa – chefe absoluto e infalível de deus na Terra, para os crentes católicos.

Hoje, dias em que a doença e a morte pairam no ar, Francisco tem empurrado, como se devolvesse o favor, o seu mui admirado amigo e cardeal Tolentino de Mendonça para o substituir em tudo o que havia na agenda para si.

Ora (desculpem, “ora” num texto destes pode causar confusão. Recomeço). Assim, o admirado José Tolentino de Mendonça é hoje “ministro da educação e cultura” do Vaticano e tem feito um trabalho brilhante na sua posição. Madeirense nascido a 15 de Dezembro de 1965, no Machico, além de ser Cardeal é também um Teólogo admirado, ensaísta aplaudido e poeta de alguma qualidade. É reconhecido, em Portugal e lá fora, como um eminente intelectual católico, que até já peças dramáticas escreveu. O empurrão do actual Papa e a atitude sempre serena de Tolentino podem valer-lhe, sem querer, uma exposição muito interessante na futura conquista da pedra onde os católicos construíram a sua religião.

A cinco de Outubro de 2019 é o próprio Papa que o nomeia Cardeal-Diácono, isto é, o prelado que mais de perto auxilia o Papa nos diferentes Dicastérios da Cúria Romana. Se Bergoglio é o Presidente, Tolentino é o primeiro-ministro. Julgo que, cá por casa, não demos por isto. Desde João XXI e da sua curta passagem pelo papado, nunca nenhum português esteve tão perto de poder ser candidato a considerar, caso exista vacatura.

E isto é bom, porque o nosso homem é uma pessoa decente, equilibrada, inteligente, culto, que defende doutrina contemporânea e até “progressista”, naquilo que a cúria deixa que o “progressismo” seja.

Por isso, desejemos as melhoras ao homem Jorge Mario Bergoglio e esperemos. Já temos homem que sabe o que são linguiças- pronto a endireitar o que anda torto.

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

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