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Os grandes dossiers de Abrantes (1ª Parte)

Todos os territórios/comunidades têm os seus dossiers políticos/autárquicos, alguns semelhantes, outros específicos. Abrantes não é exceção. Os grandes dossiers de Abrantes comprometem o atual poder político local e desafiam as forças da oposição – partidos e movimentos independentes – que se posicionam para avançar, no próximo ano, com uma candidatura às previstas eleições autárquicas. O Movimento ALTERNATIVAcom, pelo singular e súpero trabalho de oposição realizado no mandato que ainda decorre, assume-se, objetivamente, como o ‘challenger’ mais combativo e credível, obtendo, a cada dia que passa, crescente reconhecimento e apoio dos abrantinos.

Há, desde logo, três dossiers gerais e preliminares. O primeiro é o do perfil das forças políticas que concorrerão em 2025. Quem são elas, há quanto tempo e com que resultados exercem o poder ou fazem oposição? Qual a credibilidade dos seus compromissos e protagonistas? Que meios possuem para os comunicar? O segundo é o do estado e rumo do concelho – a cidade e as freguesias – incluindo o ambiente democrático, as políticas setoriais e os projetos que estão em curso ou planeados para o futuro do território e das pessoas. E o terceiro é o da democraticidade e capacidade política, organizativa e funcional de cada um dos órgãos autárquicos – executivos e deliberativos – a nível municipal e de freguesia.

Seguem-se dossiers mais específicos. É o caso da dinamização dos Centros Históricos de Abrantes, Alferrarede e Rossio ao Sul do Tejo (entre outros), e a reabilitação e conservação do riquíssimo (e negligenciado) património natural e edificado, com valor histórico, identitário e diferenciador. Aqui se incluem, por exemplo, a Ribeira de Rio de Moinhos (Pucariça), a ser alvo de uma requalificação selvagem e multimilionária (onde era necessária apenas uma limpeza e reabilitação ligeira ou pouco mais) e o edifício-berço do Mercado Municipal de Abrantes, deixado ao abandono para ser demolido e dar lugar a um custoso e mal localizado multiusos, quando deveria ser reabilitado e conservado como mercado diário.

O Tejo – sua proteção ambiental e aproveitamento turístico (e não só) – é outro dossier, resolvendo o problema do Açude (sempre avariado), da estabilização e provimento dos caudais ecológicos, da qualidade da água que permita a abertura da Praia Fluvial de Abrantes (Aquapolis Norte), e da nova Ponte próxima de Tramagal (na travessia do Tejo pelo IC9). Além da manutenção e valorização dos cursos de água e da preservação da sustentabilidade ambiental, há todo um trabalho premente a fazer no domínio da adaptação às alterações climáticas. Entretanto, a maioria PS vai-se distraindo – e distraindo os cidadãos – com “papas e bolos”, como foi a ilusória tentativa de imitar uma pretensa candidatura do Rio Tejo a Património da Humanidade.

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O dossier Saúde está também em cima da mesa, nomeadamente a nível dos cuidados de saúde primários, parecendo não haver soluções para os problemas existentes, os quais tendem a agravar-se. Uma certa visão estatista e centralista defendida pela maioria PS em Abrantes, colocando a ideologia à frente da saúde das pessoas, tem dificultado ou mesmo impossibilitado a identificação ou adoção de soluções inovadoras, algumas bastante simples e imediatas – como as unidades móveis de saúde e a enfermagem de saúde familiar e comunitária (responsável por 80% dos cuidados de saúde primários) – que deem resposta às carências que se verificam. O resultado é haver hoje uma menor cobertura de Médicos de Família e inúmeros Postos de Saúde abandonados.

A promoção do Ensino Superior em Abrantes é outro dossier estratégico, sendo necessário qualificar e diversificar a oferta de cursos e instituições, construir um novo edifício pedagógico e administrativo para a ESTA/IPT, e disponibilizar suficiente alojamento acessível para estudantes deslocados. Também faz parte deste dossier educativo a melhoria dos resultados nos ensinos básico e secundário, o apoio às artes e a promoção da cultura e da cidadania livre e participativa. O mal tratamento dado pelo executivo municipal à principal associação cultural do concelho, a Palha de Abrantes, é paradigmático do sectarismo negligente que se verifica neste domínio.

No dossier Económico, está em causa a criação de melhores condições de investimento e empreendedorismo, proporcionando às empresas e aos empresários melhores parques empresariais (devidamente requalificados e geridos), baixos custos de contexto e elevada qualidade de laboração e de vida. O mesmo se passa com o Turismo e a atração de visitantes, fomentando o consumo e desenvolvimento local. O Município de Abrantes não dá prioridade, nem suficiente atenção, à atividade económica, distraindo-se com atividades – designadamente espetáculos e festivais musicais e desportivos – em que investe “fortunas”, porventura porque rendem mais votos à maioria PS.

É disso exemplo a resposta dada pelo executivo municipal à exigência da oposição de se investir numa incubadora de empresas não-tecnológicas, complementar à incubadora tecnológica instalada no Tagusvalley – Parque de Ciência e tecnologia. Por falta de noção ou de vontade, propôs-se reabilitar um edifício exíguo – manifestamente impróprio para incubadora de empresas tradicionais – que mais se assemelha a um pequeno “anexo”. Não admira, pois, que a constituição de novas empresas esteja estagnada há 5 anos, tendo sido constituídas em 2023 menos empresas do que em 2020. E que haja hoje mais desempregados em Abrantes do que havia há três anos.

(Continua na próxima semana)

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José Nascimento
José Nascimento
Tem 68 anos e vive na aldeia de Vale de Zebrinho (Abrantes). Reformado do ensino superior, onde lecionou disciplinas de gestão e psicologia social, dedica o seu tempo à atividade cívica e autárquica. É, também, membro do núcleo executivo do CEHLA – Centro de Estudos de História Local de Abrantes (editor da Revista Zahara). Interessa-se pelas dinâmicas políticas e sociais locais e globais, designadamente pelos processos de participação e decisão democráticos.

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