O Parlamento Europeu (PE) identificou seis táticas fundamentais utilizadas para propagar desinformação, alertando para os perigos destas técnicas e propondo estratégias para minimizar o impacto negativo sobre a sociedade. Segundo um comunicado divulgado pela instituição, entre as táticas mais comuns estão o uso de conteúdo emocional, a polarização do debate, a manipulação de contexto, e o viés de confirmação, sendo estas abordagens frequentemente empregues para distorcer a realidade e manipular a opinião pública.
Uma das estratégias mais eficazes de propagação de desinformação é o apelo às emoções. O PE explica que o uso de conteúdos emotivos é mais atraente do que os factos frios, visto que tais conteúdos “enfraquecem as defesas”, levando as pessoas a interagir com eles sem pensar criticamente. A sugestão é que os cidadãos questionem sempre as alegações que encontram online e façam um esforço para verificar os factos antes de reagir aos estímulos emocionais.
Outra técnica amplamente utilizada é a polarização do debate, que amplifica as opiniões mais radicais, enquanto suprime as perspetivas moderadas. O PE recomenda que se busque um terreno comum entre os diferentes pontos de vista e se promova o diálogo, a fim de evitar a exacerbação das divisões sociais.
A propagação de versões contraditórias de um mesmo acontecimento também tem como objetivo criar confusão e dificultar a busca pela verdade. O PE aconselha o público a recorrer a fontes verificadas e de qualidade superior, enfatizando a importância de se focar na precisão da informação em vez de ceder à tentação de consumir notícias rápidas e superficiais.
Outro fenómeno descrito pelo Parlamento Europeu é a tendência natural das pessoas de confiar em informações que reforçam as suas crenças pré-existentes, um fenómeno conhecido como viés de confirmação. Os propagadores de desinformação exploram esta tendência para manipular audiências específicas. O PE alerta para a necessidade de uma avaliação crítica das informações, mesmo quando elas parecem estar alinhadas com as nossas opiniões.
A manipulação do contexto também surge como uma tática comum. Em vez de criar factos completamente falsos, os desinformadores retiram as informações do seu contexto original, tornando-as enganosas. O PE sugere que se deve sempre questionar o contexto no qual uma afirmação ou imagem foi apresentada, recorrendo, se necessário, a fontes oficiais para garantir a veracidade.
Finalmente, o Parlamento Europeu destaca as práticas de silenciamento, em que indivíduos são alvo de ataques pessoais, trolls ou até deepfakes, tecnologias que permitem a manipulação de imagens e vídeos. Estas tácticas visam intimidar e censurar vozes discordantes. O PE sugere que se deve denunciar este tipo de ameaças e discurso de ódio, e apoiar as vítimas desses ataques.
Além das recomendações práticas, o Parlamento Europeu lançou um projeto de âmbito europeu que oferece uma bolsa para financiar iniciativas de combate à desinformação, com o objetivo de melhorar a literacia mediática e a resistência da sociedade à propagação de conteúdos falsos e manipulados.
A instituição apela à responsabilidade dos cidadãos e das plataformas digitais para que, de forma conjunta, se combata a proliferação de desinformação e se proteja a integridade do debate público e da democracia.