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Trumpocáusto

Aviso: coisa séria.

Há momentos em que a história parece um “loop” infinito de tragédias anunciadas. Os EUA, campeões mundiais em repetir erros com “glamour” capitalista, preparam-se para mais um remake do clássico “Como Destruir a Economia Global em Três Actos”. Desta vez, o protagonista é Donald Trump, que, num gesto de déjà vu histórico, promete desmantelar regulamentos financeiros como se fossem legos de um brinquedo perigoso. A ironia? Enquanto o mundo se distrai com os seus tweets lunáticos, os mercados preparam-se para uma orgia de especulação que fará 2008 parecer um ‘happy hour’ moderado.

Lembram-se de 1929? Claro que não. Mas recordam-se de 2008, quando os “subprime” transformaram sonhos de casa própria em pesadelos colectivos? Pois é. A receita para o desastre é sempre a mesma: desregulamentação, ganância desenfreada e a crença mágica de que “desta vez é diferente”. Nos anos 20, os bancos brincavam com o dinheiro dos depositantes como jogadores cegos num casino. Resultado: a Grande Depressão. Em 2008, os meninos de ouro de Wall Street empacotaram dívidas podres em produtos financeiros tão complexos quanto inúteis, vendidos como “oportunidades únicas” por agências de “rating” que mereciam um Óscar pelo filme de Terror que criaram.

Agora, Trump — o artista que transformou a política na Casa dos Segredos — quer ressuscitar o deixa-andar económico, cortando impostos para os ricos, desregulamentando o sector financeiro e prometendo “libertar” os bancos das amarras que – oh surpresa -, foram criadas para evitar outro colapso. O seu plano “Maganomics” é uma mistura tóxica de “Reaganomics” (de Ronald Regan) e pensamento infantil: proteccionismo para as massas, festa privada para os banqueiros. Os economistas já avisam: esta combinação é inflacionária, insustentável e capaz de transformar o FED num mero toca-discos da liquidez, tocando músicas como “Mas não fiques com ele…” enquanto a bolha cresce.

A piada trágica? Enquanto Trump culpa imigrantes e China p’los males do país, os verdadeiros demónios — os especuladores — preparam-se para sugar até a última gota de um sistema sem freios. A USAID, outrora um pilar da ajuda externa, foi reduzida a um zombie institucional por ordens do magnata, enquanto Elon Musk, agora “czar da eficiência governamental”, trata instituições públicas como empresas start-ups falidas. Enquanto isso, o Congresso aprova cortes de impostos que beneficiam os 1%, numa coreografia tão previsível quanto o desastre financeiro que se seguirá.

E os paralelos com 2008? São assustadores. Naquela crise, os bancos operavam com alavancagens de 30 para 1, apostando como viciados em casinos “offshore”. Hoje, com a desregulamentação em marcha, os mesmos fantasmas regressam: derivados não regulados, fundos de risco operando nas sombras e uma fé cega no mercado como deus

pagão. Até a linguagem é a mesma: “inovação financeira”, “flexibilização”, “confiança nos agentes”. Tradução: “Vamos brincar à roleta russa com a economia outra vez!”.

O pior é que aprendemos zero. Em 2010, a Lei Dodd-Frank tentou pôr ordem no caos, mas em 2018, Trump já a enfraquecia, como um pirata a desmontar uma Nau. Agora, promete acabar o serviço, entregando as chaves do Tesouro aos mesmos que incendiaram a casa em 2008. E os jornalistas, ah, os jornalistas estão entre a pobreza e a parede, enfraquecidos por cortes de financiamento e pressionados a bajular o poder – para poder jantar, têm de assistir calados à repetição do guião.

Conclusão? O perigo não está no que Trump diz — está no que faz. Enquanto o mundo ri das suas parvoíces, ele desmonta, peça a peça, as protecções que nos salvaram da barbárie financeira. Quando a festa acabar, e acaba sempre, seremos nós — outra vez — a pagar a conta. E os banqueiros? Estarão nas Bahamas, brindando com champanhe à nossa custa. Cheers!

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

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