A celebração em honra de Nossa Senhora de Mércoles, que se desenrola anualmente no segundo domingo após a Páscoa, seguida pelo feriado municipal na terça-feira subsequente, é, indubitavelmente, a mais aclamada festividade da cidade. A romaria acontece junto à capela que partilha o nome da santa, localizada em uma das entradas da cidade, e tem suas raízes no longínquo século XVI, sendo atribuída a um voto de gratidão pela proteção da cidade contra a peste e outras pragas
Terça-feira, 16 de abril, Castelo Branco se reveste de uma atmosfera singular, pois celebra-se o feriado municipal em veneração a Nossa Senhora de Mércoles. Este evento, que se repete pontualmente na terça-feira após o segundo domingo de Páscoa, constitui um momento ímpar de devoção e tradição enraizadas profundamente na história da região.
A devoção a Nossa Senhora de Mércoles representa um fenômeno fascinante, um amálgama singular de narrativas que entrelaçam elementos do culto pagão e cristão. A sua Ermida, situada a 3 quilômetros a noroeste de Castelo Branco, está envolta em lendas que remontam a tempos imemoriais. Conta-se que onde hoje repousa a Ermida, outrora erguia-se um templo romano dedicado a Mercúrio, daí a origem do nome “Mércoles”. Outra versão da lenda sugere que Nossa Senhora apareceu ali em uma quarta-feira, dando origem ao nome “Nuestra Señora de Miercoles”.
A construção da Ermida remonta ao século XII, erguida pelos Templários, e apresenta uma fusão de estilos arquitetónicos que marcam a transição do românico para o gótico. Este edifício histórico não apenas serve como local de devoção, mas também como testemunho vivo da passagem do tempo e das crenças que moldaram a região.
A origem da festa dedicada a Nossa Senhora de Mércoles remonta ao século XVI, estando intimamente ligada ao agradecimento pela intervenção milagrosa da santa. O povo e a Câmara Municipal de Castelo Branco prometeram realizar uma romaria anual em sua homenagem, como forma de gratidão por tê-los livrado da praga de gafanhotos que assolava as colheitas. Ano após ano, na Pascoela, o povo se reúne em peregrinação, com um representante da Câmara Municipal carregando o estandarte, em um gesto de fé e devoção.
Castelo Branco, que teve sua origem como um castro no topo de uma colina, expandiu-se ao longo de suas encostas. Com a reconquista da região por D. Afonso Henriques, foi erguido o castelo, e acredita-se que nas proximidades existiu a antiga povoação romana de Castro Leuco, que deu origem ao nome da cidade.
Em síntese, a devoção a Nossa Senhora de Mércoles transcende a mera tradição; é um elo entre o passado e o presente, uma manifestação da fé e da cultura que enriquecem a cidade de Castelo Branco e sua história.
