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Terá o Município de Idanha-a-Nova condições de ter à sua guarda objectos de elevado valor artístico e pecuniário?

Já aqui me referi a este assunto, mas volto agora a abordá-lo, dada a sua importância, e sobretudo dada a gravidade das preocupações que o tema me suscita

Com efeito, há pouco dias, e na sequência de notícias veiculadas pelo jornal Público e pelo O Regiões, a propósito da indemnização milionária que o Município de Idanha-a-Nova foi condenado a pagar a Cristina Rodrigues, manifestei a minha apreensão pela forma como foram (mal) acauteladas as peças daquela artista plástica, a ponto de terem ficado completa e irremediavelmente destruídas, estando em instalações da autarquia. Com efeito, se já é totalmente incompreensível que peças de elevado valor plástico e pecuniário sejam resguardada de forma tão leviana, a ponto de perecerem, é perfeitamente inaceitável que não se tenha promovido um inquérito interno para apurar as necessárias responsabilidades. Como se tudo isto não fosse suficientemente surpreendente, ficámos ainda a saber que o Município de Idanha-a-Nova não possuía seguro de risco, para acautelar imprevistos como os que vieram a ocorrer, o que motivou o facto de agora ter de assumir integralmente o pagamento à artista das peças inutilizadas.

Por conseguinte, sabendo como eu sei que o Município de Idanha-a-Nova tem à sua guarda acervos artísticos de incalculável valor, como são as aguarelas de António Russinho, ou todo o espólio da antiga Casa-Museu Padre João Pires de Campos, penso que é totalmente fundada a minha apreensão, face ao tratamento que pode estar a ser dado a essas colecções.

Quanto à segunda delas, recordo que após a Câmara Municipal ter desmantelado a galeria de arte fundada pelo Padre João Pires de Campos na sua residência, em Penha Garcia, e de ter ali inaugurado uma nova exposição, insignificante e pouco representativa, as largas centenas de peças que compunham a colecção original foram levadas para instalações da autarquia, onde supostamente ainda se encontram encaixotadas.

Ora, é justamente aqui que reside o meu maior receio. Pois se de forma inexplicável se deu descaminho a obras de arte de uma criadora da craveira de Cristina Rodrigues, cuja consagração e reconhecimento nacional e internacional é inquestionável, quem estará em condições de garantir que o mesmo não poderá vir a acontecer (se não aconteceu já) com a preciosíssima “Colecção Padre João Pires de Campos”?

E é por existir no meu pensamento esta dúvida, que subsiste também esta grande inquietação no meu espírito. Dado todo este historial, temo que o Município de Idanha-a-Nova não tenha condições de ter à sua guarda obras de arte e valores desta ordem de gradeza. Nunca como agora desejei tanto estar completamente equivocado!

 

Hugo Rego

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Deputado à Assembleia Municipal de Idanha-a-Nova eleito pelo Mov. PT.

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Hugo Rêgo
Hugo Rêgo
Deputado Municipal à Assembleia Municipal de Idanha-a-Nova

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