Em Castelo Branco, a política municipal continua a trilhar os seus caminhos com a graciosidade de um elefante em patins, dirigido por Leopoldo Rodrigues, o homem que acha que esconder humidade atrás de pladur é uma solução de engenharia. Sim, senhoras e senhores, depois de quase quatro anos de mandato, o autarca acordou para a humidade no parque de estacionamento da Devesa — e em vez de a resolver, decidiu… decorá-la.
A proposta, absolutamente revolucionária na sua mediocridade, consiste em instalar um teto falso por 253 mil euros. Dinheiro dos contribuintes, claro. O objetivo? Encobrir as infiltrações, como quem esconde roupa suja debaixo do tapete antes das visitas. As eleições estão à porta, e Leopoldo prefere mostrar obra, ainda que esta seja feita de ilusão e cartão prensado.
O PSD local, que desta vez até parece acordado, levantou a voz contra esta medida que insulta a inteligência dos albicastrenses. E com razão. Tapar rachas com gesso e promessas eleitorais é tão eficaz como tratar uma infeção com perfume. A estrutura está a deteriorar-se, a água infiltra-se, os problemas agravam-se, mas a prioridade é maquilhar o tecto. Tudo isto num parque subterrâneo que, em breve, se arrisca a ser mais caverna que infraestrutura funcional.
É de perguntar: quem assessora Leopoldo? Um decorador de interiores com diploma da escola do “vai-se vendo”? Ou terá sido um brainstorm em pleno gabinete municipal:
— Chefe, temos infiltrações.
— Põe-se um teto falso, parece novo.
— E os problemas estruturais?
— Isso é com o próximo executivo.
O mais caricato é que estas infiltrações são conhecidas há anos. Não são novidade. Estão documentadas. Foram ignoradas durante praticamente todo o mandato, e agora, com o cheiro a campanha no ar, surgem milagrosamente fundos e urgências para remendar o que devia ser reabilitado com seriedade.
Este episódio espelha bem a triste comédia da gestão pública à portuguesa: quando há um problema estrutural, a solução política é cosmética. Quando há risco para a segurança, aposta-se na aparência. E quando o povo questiona, responde-se com obras apressadas e placas inaugurais.
Leopoldo Rodrigues está a escrever um guião previsível: gastar muito, resolver pouco, mostrar ainda menos. Só falta mesmo a fita vermelha para cortar. E uma selfie com o teto novo, reluzente, a esconder o bolor — até à próxima chuvada.
Por tudo isto, urge perguntar: até quando Castelo Branco continuará a ser governado por quem vê o município como um cenário de teatro, onde se maquilha a decadência em vez de a enfrentar? A cidade merece mais do que um teto falso — merece verdade, seriedade e soluções reais.
Porque, no fim do dia, quem tapa infiltrações com pladur, também tapa a verdade com propaganda. E isso, senhor Leopoldo, nem a maquilhagem eleitoral consegue disfarçar.