O CEO do Grupo Nabeiro-Delta Cafés, Rui Miguel Nabeiro, manifestou esta quarta-feira a sua preocupação com a subida dos preços do café, que continua a ser uma das grandes questões que a empresa enfrenta. Durante a apresentação do novo café Amboim, promovido pela Delta The Coffee Experience em Lisboa, Nabeiro destacou que, além do cenário político nacional, o preço do café tem sido um fator de crescente inquietação, especialmente face à escassez do produto nos mercados internacionais.
“O preço do café é outra preocupação que temos”, afirmou o CEO, sublinhando que a Delta Cafés trabalha com um stock de seis a nove meses para mitigar as flutuações do mercado. Nabeiro acrescentou que, no ano passado, a empresa já foi forçada a realizar dois aumentos de preço, sendo que a evolução do custo do café no mercado internacional é um dos maiores desafios a enfrentar.
Em relação ao futuro imediato, o CEO não escondeu a sua preocupação com a contínua escalada dos preços do café, uma tendência que tem sido impulsionada por uma redução da oferta e, eventualmente, pela especulação nos mercados. “Não sei se estamos perante uma especulação ou não, mas o que é facto é que há cada vez menos café disponível para comprar no mercado, o que tem impactado os preços. O consumo global de café tem aumentado, mas o impacto das alterações climáticas na produção também é um fator importante”, explicou.
Rui Miguel Nabeiro destacou ainda que a Delta Cafés, através da parceria com a International Coffee Partners, tem trabalhado com pequenos produtores para garantir a sustentabilidade do café no futuro, ajudando a evitar situações como a atual escassez. “Queremos acreditar que o café não vai continuar a subir muito mais, mas no ano passado já dizia o mesmo e o preço subiu 50% na origem”, afirmou, reconhecendo a incerteza quanto à evolução dos preços nas próximas semanas e meses.
Apesar da preocupação com o mercado de café, Nabeiro revelou que o Grupo Nabeiro está a viver um dos seus melhores anos financeiros, com uma faturação de 570 milhões de euros em 2024, o que representa um crescimento de 14% face ao ano anterior. A empresa obteve um desempenho histórico em Espanha, onde registou o seu melhor resultado de sempre. Para o CEO, este é um “crescimento robusto”, que reflete a resiliência e a adaptação da empresa face a um mercado cada vez mais desafiante.
“A Delta Cafés continuará a proteger as suas margens e o seu negócio, garantindo a sua sustentabilidade a longo prazo. Quando não houver outra solução senão ajustar o preço ao consumidor, teremos de o fazer”, concluiu Nabeiro, acrescentando que, neste momento, o grupo está protegido por stock suficiente para enfrentar a evolução dos preços, pelo menos até junho de 2025.