Amigo que conhece como ninguém o território do concelho de Idanha-a-Nova e as suas gentes, e em quem procuro opinião e apoio na perspectiva de construir uma alternativa política para aquela autarquia, comparava, há dias, salvas as devidas distâncias (que são imensas), o presidente Armindo Jacinto ao imperador Nero.
Conta-se que aquele prínceps romano, enquanto a cidade imperial se desmoronava consumida por chamas que o próprio mandara atear, cantava e tocava o Saque de Troia, ainda que de modo desafinado, na sua lira, ao mesmo tempo que os seus aduladores cortesãos o aplaudiam pela sua mais que questionável actuação.
É justamente neste aspecto que julgo que o amigo de quem vos falo estava coberto de razão no seu triste cotejo.
Com efeito, enquanto o concelho de Idanha-a-Nova atinge patamares nunca antes vistos, de declínio populacional, de degradação dos equipamentos públicos, com processos judiciais que se avolumam e dos quais resultam indemnizações e coimas de montantes incalculáveis, Armindo Jacinto enverga os trajes de um príncipe renascentista e participa num teatro de comédia a propósito de castelos e dragões, que desvirtua a tradição secular da Divina Santa Cruz em Monsanto.
Enquanto os idosos do concelho recebem consultas médicas e de enfermagem em furgonetas, sem o mínimo de dignidade, Armindo Jacinto foi incapaz de fazer valer qualquer influência junto dos seus pares socialistas, em vista de travar o declínio do Serviço Nacional de Saúde em Idanha, e preferiu entregar de bandeja aos privados esta valência, contratando um negócio milionário de contornos pouco claros.
Enquanto em Idanha-a-Velha a icónica mesquita catedral foi transformada em armazém para arrumos, o vetusto baptistério paleocristão corre riscos de ruína, e equipamentos museológicos fecharam para obras sem data prevista de abertura, Armindo Jacinto vai gastar centenas de milhares de euros a contratar actuações artísticas para a Feira Raiana.
Enquanto as goteiras da água que se infiltra na Biblioteca Municipal são aparadas com caldeiros, e a Piscina Municipal apresenta rupturas que condicionam o seu funcionamento, a ponto de as actividades de hidroginástica serem realizadas no concelho vizinho de Penamacor, Armindo Jacinto contrata um chef de cozinha internacional para realizar uma prova de vinhos, produzidos sabe-se lá em que região do país ou do mundo.
Enquanto um dos mais reputados festivais de todo o país, em que se havia transformado o Festival da Melancia do Ladoeiro, foi metido na gaveta, e enquanto as hortas de Idanha, onde se investiram milhões de euros estão inactivas sem razão aparente, Armindo Jacinto vai promovendo mercadinhos da bio-região, num território onde aumenta galopantemente a agricultura intensiva, com a utilização de toda a espécie de pesticidas e praguicidas, quase sempre tóxicos ao ser humano.
Enquanto as antigas casas das aldeias esquecidas do concelho sucumbem sob o peso dos anos e do abandono, caso do Rosmaninhal, de Segura, de Salvaterra, de Proença-a-Velha, para citar apenas os casos mais preocupantes, Armindo Jacinto promove em algumas delas festas das sopas, vá la saber-se com que objectivo e com que retorno.
Mas uma coisa eu sei, também em Roma se dava pão e circo para iludir o povo. Na Idanha de Armindo Jacinto o caso não é diferente, pois, para recordar um ditado do povo, adaptado oportunamente à situação, com sopas e com bolos se enganam os …..
Hugo Rêgo- Deputado à Assembleia Municipal de Idanha-a-Nova pelo Mov.PT