A Feira Raiana de Idanha-a-Nova, tradicionalmente um evento de celebração cultural e comunitária, tornou-se este ano palco de uma polémica. Armindo Jacinto, presidente da câmara municipal, foi anunciado como cabeça de cartaz de uma tourada integrada no certame, levantando sérias questões sobre ética e transparência.
Mesmo que a praça de touros de Idanha-a-Nova, onde o evento ocorre no dia 26 de julho, possa não estar sob a gestão direta da câmara municipal, o facto de a tourada estar inserida na programação oficial da Feira Raiana e possivelmente contar com o apoio da autarquia, nomeadamente através da compra de bilhetes, torna a situação promíscua. A homenagem a Armindo Jacinto, destacada nos cartazes como se fosse uma vedeta tauromáquica, é uma forma descarada de autopromoção.
A utilização de dinheiros públicos para promover um político em fim de mandato num evento público é um exemplo claro de má governação. É inadmissível que o presidente da câmara utilize a Feira Raiana, um evento significativo para a comunidade local, como um trampolim para inflar o seu próprio ego. Esta atitude é mais característica de uma república das bananas, onde os líderes se autopromovem à custa do erário público, do que de uma democracia saudável.
O comportamento de Armindo Jacinto, que se comporta como um monarca intocável, indiferente às regras e aos princípios de boa governação, é preocupante. A escolha de utilizar um evento público e financiado alegadamente com recursos públicos para se autopromover é uma afronta aos princípios democráticos e ao respeito que deve aos seus eleitores.
A homenagem poderia ter sido feita de inúmeras formas mais adequadas e dignas. Uma cerimónia privada, uma menção honrosa num evento oficial da câmara ou até mesmo uma medalha entregue num contexto apropriado teriam sido mais respeitosas e menos controversas. No entanto, optar por se destacar como um herói numa tourada, utilizando os dinheiros públicos para tal, é um insulto à inteligência e ao bom senso da população de Idanha-a-Nova.
Os contribuintes merecem uma explicação clara e transparente sobre os custos e a justificação desta homenagem. Merecem, acima de tudo, um presidente que coloque os interesses da comunidade acima dos seus próprios. Armindo Jacinto deve repensar as suas ações e pedir desculpa por este episódio lamentável.
A Feira Raiana deveria ser uma celebração da identidade local e não um veículo para a vaidade desmedida de um político. A transparência e a responsabilidade são pilares fundamentais de qualquer administração pública saudável, e quando estes são comprometidos, a confiança dos cidadãos nos seus líderes é severamente abalada.