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Ou Seguro ou o caos

Lembro-me de António José Seguro, na sede do MASP (campanha de Mário Soares), no dia da vitória, ali ao Saldanha. Estava ele no cimo das escadas, entre o feliz e o sóbrio, dando indicações aos putos, onde eu estava, para distribuir propaganda, falar com as pessoas, enfim, a comandar a malta entre uma alegria contagiante que perpassava por todos nós. É a primeira memória, tipo fotografia, que tenho do jovem de Penamacor, camisa e pullover em “V”, como era obrigatório nesse tempo.

António José Seguro, a falar com verdade, não foi o líder do PS que foi o líder da JS. A sua hiper-responsabilidade e a necessidade de validação dos outros, muitas vezes mascarada de pontos de arrogância, traiu-o, perante os socialistas que estavam sem saber para onde se virar, depois da tragédia Sócrates — para a qual avisaram a tempo João Soares e Manuel Alegre, antes, muito antes de se saber o que aí vinha. Confesso que ajudei nesses tempos, com a primeira grande investigação ao então candidato Sócrates a líder do PS. Processou-me, lá se amainou a coisa pela mão de Jorge Coelho, mas o carácter da “besta” estava definido. E o PS andou à espera de que Seguro fosse a única viúva a sorver e a sofrer a maldade deixada pelo José de Alijó.

Hoje, após demonstrada a maior coragem política dentro de um partido no pós-25 de Abril, quando aceitou, sem ter que o fazer, primárias abertas a todos, para escolherem entre ele e António Costa, a sua atitude e o seu comportamento foram e são exemplares.

Não há, hoje, no PS, um militante como Seguro. Fez tudo e nunca andou com um holofote a apontar para si mesmo, a chamar a atenção da chusma. Sabe de política como poucos, é experiente e, perante os exemplos dados e muitos outros, é, mas sem dúvida e perdição, o melhor candidato que a esquerda e o centro-esquerda tem. Não, não há Vitorino ou Santos Silva, ou Ferro Rodrigues ou Ana Gomes, ou qualquer outra figura que se compare. Podemos por todas as cartas na mesa e encontramos sempre um Seguro limpo. Experiente e ponderado.

A sua candidatura, aos 63 anos — nasceu a 11 de Março, bela ironia — é mais que merecida. Maltratado em jovem por causa do epíteto “Tozé”, que faz cair até doer a dignidade de uma pessoa, foi a mão certa para a vitória de Guterres e acabar com o reinado devastador de Aníbal I, o Inútil. E, depois, quando a cadeira de Secretário Geral do PS até queimava, fez-se com coragem ao piso e foi urgente saber que haveria, pelo menos, uma pessoa que nem precisava de muito para se mostrar. Traído por Costa, traído e mutilado pelo PS, ergueu a cabeça e foi ganhar qualidades. A primeira, fazer vinho. A segunda, ser docente no sempre impecável ISCSP. E não só.

Cabe aos socialistas e às pessoas que ainda raciocinam, saber que se irá repetir 1986. Muitos terão que tapar a cara e votar de óculos vesgos. Mas se assim não for, se a Esquerda fraca e desarmada de hoje, perante uma direita medíocre, não for capaz de deitar borda fora o Almirante Seringa e o homem da mala de Cavaco, então a salvação estará longe.

É que nenhum de nós percebeu ainda quem raio é o Seringa, que fará, senão vento, Marques Mendes, ou que ideia idiota é essa de enfiar o aVentura, um faz-de-facho, no Palácio cor-de-rosa…

Seguro não é o mal menor. É um pormaior de enorme importância.

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

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