O embaixador Vítor Sereno, ex-cônsul-geral de Portugal em Macau, foi nomeado como o novo Secretário-Geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), sucedendo à embaixadora Graça Mira Gomes. Esta nomeação, anunciada em comunicado pelo gabinete do primeiro-ministro, marca uma mudança significativa na chefia dos serviços de informações nacionais.
Graça Mira Gomes, que ocupava o cargo desde 2017 por nomeação do ex-primeiro-ministro António Costa, esteve no centro de várias polémicas. Em particular, foi chamada a prestar esclarecimentos no Parlamento quanto à atuação do Serviço de Informações de Segurança (SIS) na recuperação do computador de Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das Infraestruturas João Galamba. O Conselho de Fiscalização do SIRP concluiu que o SIS atuou dentro dos limites legais, e o Ministério Público arquivou o inquérito sobre o caso.
A nomeação de Vítor Sereno surge no contexto de uma remodelação mais ampla nos altos cargos de segurança do Estado, que incluiu a recondução de Luís Neves como diretor nacional da Polícia Judiciária, a nomeação de Patrícia Barão para liderar o Sistema de Segurança Interna (SSI) e a recente indicação de Amadeu Guerra como Procurador-Geral da República.
Sereno, natural de Coimbra e com 53 anos, tem uma carreira de diplomata desde 1997 e desempenha, desde março de 2022, o cargo de embaixador de Portugal no Japão. Com uma vasta experiência em representação diplomática, foi embaixador no Senegal e acumulou a responsabilidade por vários países da África Ocidental, além de já ter exercido funções consulares em Macau, Estugarda e Roterdão. Sereno também foi chefe de gabinete de Miguel Relvas e de António Braga, demonstrando capacidade de colaboração tanto com líderes do PSD como do PS.
A substituição de Graça Mira Gomes foi solicitada publicamente no ano passado pelo então líder da oposição, Luís Montenegro, que considerava que a sua permanência poderia minar a confiança do PSD no sistema de informações. A nomeação de Sereno, feita com a devida comunicação ao atual líder da oposição, simboliza um esforço para reforçar a confiança e a independência dos serviços de segurança e informação do Estado.