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A Era dos Podcasts

Inicialmente, o termo “podcast” surgiu como uma junção das palavras “iPod” e “broadcasting”, referindo-se à transmissão de som pela internet, tendo surgido no início do século XXI, através dos trabalhos de Adam Curry and Dave Winer. Em menos de 30 anos, a forma como consumimos áudio mudou muito, assumindo hoje um papel preponderante no mercado dos conteúdos sonoros. Com o crescimento dos podcasts em Portugal, o público está a ficar alerta para este tipo de conteúdo.

Surgem, por isso, iniciativas como o Podes, o primeiro festival para podcasts no nosso país — que nomeou dois programas de alunos da Universidade do Porto na sua primeira edição, em 2019.

O único festival português de podcasts celebra a produção e os criadores nacionais, com formação, conversas, sessões ao vivo e prémios para os melhores podcasts portugueses. Estiveram em discussão questões bem atuais como o estado dos podcasts em Portugal, as fronteiras entre videocasts, podcasts e programas de rádio, bem como sobre podcasts
literários, além de terem sido convidados autores de livros sobre esta nova tecnologia do som.

Numa rápida análise das diversas categorias em concurso, que partem do Podcast do Ano e atravessam, pode afirmar-se, quase toda a área do conhecimento humano (Narrativa, Humor, Arte e Cultura, Ciência, Desporto, Economia, Política e muito mais), optei por
aprofundar os nomeados na categoria de Cinema e Televisão: podcasts especificamente sobre filmes, séries de televisão, programação televisiva, streaming e outras dimensões do áudio-visual. O vencedor foi VHS – VILÕES, HERÓIS E SARRABULHO – título bem conseguido – de Paulo Forjardo e Daniel Louro.

Entre os cinco nomeados, atraiu-me FREIRE E MARQUES NO CINEMA, que se apresenta como mais abrangente, incluindo, para além de critica de filmes e entrevistas, a contabilização semanal da afluência às bilheteiras, para além de interagir com os ouvintes,
aceitando sugestões e comentários recebidos por email ou pelas redes sociais, incluindo salas de cinema e streaming. Calcula-se que andarão pelas dezenas os podcasts apenas relacionados com cinema, o que faz imaginar os milhares de formatos semelhantes, abrangendo outras matérias, que estarão acessíveis nas diversas plataformas digitais (Spotify, Itunes, Apple, etc), “escondidos” entre os milhões de temas musicais e
álbuns também disponíveis.

O advento da Sociedade de Informação caracteriza-se pela multiplicação de novas formas de transmissão de opiniões, notícias, comentários, estudos, que se juntam aos formatos tradicionais, como os livros, a televisão ou os filmes. Todavia, essa proliferação de formatos
digitais, normalmente com acesso online gratuito, como podcasts, blogs, influencers no YouTube e Tik Tok, entre outros, não significam, necessariamente, mais conhecimento. Adquirir conhecimento representa saber escolher e trabalhar a informação disponível, e isso depende da capacidade do receptor e, evidentemente, da qualidade do conteúdo transmitido pelo emissor. E, claro, sempre dentro dos limites da liberdade de expressão (veja-se “Podcast: os limites da liberdade de expressão”, de Carlos Eduardo Santos e Lucas Manara, na perspetiva brasileira).

O avanço das Novas Tecnologia da Informação tem facilitado o acesso à criação de conteúdos, a relação entre emissor e receptor está muito facilitada. Achei curioso conhecer melhor como nasce um podcast, pelo que troquei algumas ideias com Bernardo Freire e
André Marques (este, diga-se, também é músico, com três álbuns disponíveis nas plataformas digitais).

Começaram por esclarecer que “existe uma clara divisão de tarefas: são sempre analisadas 3 estreias nas salas de cinema ou nas plataformas de streaming, mediante a possibilidade de assistir aos filmes antecipadamente. As análises ficam ao cargo do Bernardo Freire, crítico de cinema, enquanto André Marques é responsável pela apresentação e condução
do programa. O Bernardo, para analisar os filmes, tem necessariamente de os ver. Já o André pode ou não ver os filmes, mediante disponibilidade. É encorajada a divergência de opiniões, o que acontece de vez em quando – tanto na correspondência que recebemos
como entre nós. Quanto às entrevistas, por norma o André é o responsável, embora o Bernardo também entre em cena quando assim acordamos. Temos ainda o segmento da análise à bilheteira, disponível pelos distribuidores. As métricas são todas recolhidas das
bases estatísticas do Spotify, que agrega os dados de todas as plataformas de Podcasts em que estamos presentes.”

Como o André vive em Lisboa e o Bernardo em Aveiro, gravam os episódios à distância, numa plataforma on line, em estilo de conversa por video-chamada. Embora qualquer pessoa possa criar um Podcast, a qualidade de som é uma prioridade, bem como a capacidade para preparar, produzir e concluir o trabalho de pós-produção com programas próprios para o efeito, bem como a devida montagem e efeitos, se necessário.

E deixaram algumas dicas: atenção à próxima estreia de “Mickey 17”, do astro sul-coreano Bong Joon-ho, que regressa 6 anos depois de arrebatar 3 Óscares da Academia pelo filme “Parasite”, incluindo o Melhor Filme… mas a estreia nacional que mais antecipam é “On Falling”, de Laura Carreira, que tem sido aplaudido e premiado internacionalmente.

O mundo dos podcasts vale a pena ser explorado.

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Joaquim Correia
Joaquim Correia
“É com prazer que passo a colaborar no jornal Regiões, até porque percebo que o conceito de “regiões” tem aqui um sentido abrangente e não meramente nacional, incluÍndo o resto do mundo. Será nessa perspectiva que tentarei contar algumas histórias.” Estudou em Portugal e Angola, onde também prestou Serviço Militar. Viveu 11 anos em Macau, ponto de partida para conhecer o Oriente. Licenciatura em Direito, tendo praticado advocacia Pós-Graduação em Ciências Documentais, tendo lecionado na Universidade de Macau. É autor de diversos trabalhos ligados à investigação, particularmente no campo musical

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