A Senhora do Almortão é uma das maiores romarias do concelho de Idanha-a-Nova. Tem um belo santuário, onde tudo pode ser feito: oração, peregrinação, descanso, saciar a fome, encontro de famílias e amigos e nas últimas duas décadas, local para os políticos locais fazerem o seu encontro com os eleitores
Num local solene como este, ver políticos acólitos e beatos, é coisa tão esdrúxula como ver perdizes em época de caça passeando despreocupadas junto dos caçadores.
Mas é assim.
Eles não vão lá porque são fiéis, nunca o foram antes de exercerem cargos políticos. Vão lá porque é o mais próximo que existe de uma campanha politica. Corre sempre mal, porque estes sítios têm muita gente que não vive no concelho ou vive nas áreas adjacentes, mas isso não importa, pode sempre aparecer alguém que os conheça e sempre degusta algo gratuitamente.
É por isso que aparecem os adufes de oiro, os arranjos dos santuários, os subsídios para as festas, milhentas, que daqui a meses animam as terras depauperadas de gente durante o resto do ano. Aos políticos apenas importa a próxima eleição.
Pouco lhes importa o que pensam os governados.
Só lhes interessa saber o que querem e pensam nas vésperas da próxima eleição.
Aí vale tudo: recebem-nos oficialmente, tudo prometem, algumas coisas prometidas têm de fazer, outras adiam-se com a desculpa que o dinheiro é curto, tudo vale até à próxima eleição.
Morão ia aos tascos e tomava notas em guardanapos, que no cruzamento de saída mandava fora pela janela as promessas juradas em torno de umas jolas, Jacinto é mais oleoso, mais dengoso: promete mas deixa subjacente que só faz em troca de algo: o voto.
E assim se passaram 50 anos.
De 42 mil pessoas, passou a pouco mais de 8 mil.
De escolas e consultas em todo o lado, passou-se para apenas a certeza que haja consultas no epicentro do concelho. Na falta de consultas noutros sítios vende-se, é o termo correcto, cartões de saúde de duvidosa praticabilidade (viu num programa de um opositor e copiou, mas como não sabe mais, fez porcaria).
Nas festas, romarias e quejandos, é vê-los penarem os dias todos que a festa dura, para parecerem ser normais e estarem felizes pela participação. Nada de mais errado. É um fastio sentido, é uma expiação o tempo que estão presentes. Mas têm de ser vistos
A regente cuja ambição é do tamanho do universo, sorri e ri, mas apenas é uma sucedânea destes políticos maltrapilhos.
Todos com cargas de processos judiciais às costas, todos com processos a marinarem, todos a fazerem o próximo golpe para obterem dividendos.
No caso do Jacinto permeia quem em nome dele através do uso de comunicações pessoais pede dinheiro a esmo em nome da próxima festa, afinal é preciso para as galantices, as casas enormes não se pagam com parcos ordenados de servidores públicos exigem bem mais.
É que com a redução de gente, também se reduzem os ordenados ao invés das despesas que sobrem em flecha, e às elzinhas da vida dá-se visibilidade fá-las parecerem ser úteis, afinal é preciso encher a bolsa das esmolas.
Vivam as festas, romarias e os adufes de oiro.