Conheço o António há mais de vinte e cinco anos.
Conheci-o de uma forma muito interessante: era eu um dos responsáveis de uma festa importante em Monsanto, quando o então presidente da autarquia mo apresenta, eu estava pouco ou nada formal, pois fazia de tudo um pouco na festa e tinha sido destacado, nessa altura, para receber o presidente da autarquia e convidados que lá iam jantar.
O impacto foi muito positivo.
O António, apesar de todo o seu saber, é uma pessoa simples, afável e amiga, gosta-se logo no primeiro impacto.
Depois, fizemos juntos uma longa jornada e conheci-o muito bem.
Portanto, tenho muito orgulho em que faça parte das minhas amizades e sobretudo, que seja a pessoa que é.
A educação sempre foi para ele uma preocupação. Sempre o vi, muito para além das tarefas de que foi imbuído, preocupado com o estado geral de como ensina se prestava e sobretudo sempre o vi preocupado com a escola. O António estava sempre na escola, quando não estava em família.
Apesar das inúmeras contrariedades e ameaças que teve ao seu trabalho, a preocupação primeira foi sempre o sucesso dos discentes. Ao longo tempo, debalde a fraca classificação da escola nos rankings, sempre houve candidatos a entrarem nos cursos com as médias mais altas e exigentes.
Portanto, não estranhei este livro.
É a sua imagem.
Rigoroso, competente, estudioso e sobretudo um testemunho factual do estado da nossa educação nos últimos 45 anos.
Está bem escrito. Bem documentado. É claro. É sobretudo útil e didático.
Embora o tenha junto a mim e já o tenha lido na diagonal, ainda não fiz o que deveria ter feito e o livro merece e exige: lê-lo com atenção e tempo.
Agrupado em seis capítulos, são todos muito interessantes contudo destaco os seguintes: o Capítulo Primeiro, as origens e o papel histórico do director de turma, o Capítulo Cinco, O Papel dos Alunos, desafios para o presente e para o futuro e finalmente o Capítulo Seis: O dia a dia nas escolas: obstáculos, constrangimentos e burocracia.
Diria mais prosaicamente, que é uma tese muito bem urdida, muito bem congeminada, mas é sobretudo uma tese com base teórica e com base empírica, exclusivamente baseada na prática individual e nos engulhos sucessivos de um monstro indomável, com centenas de milhares de sujeitos. De muito fácil leitura, muito clara, baseando-se em documentos essenciais ao longo do trabalho.
Na minha opinião, de leitura obrigatória para entender a Educação no seu todo: os agentes, aqui consignados como professores, pessoal auxiliar e administrativo, os fautores essencialmente os professores e as suas diferentes nuances como pedagogos e instrumentos de politicas cegas, os autores, os que num qualquer gabinete decidem, legislam, impõem, com algum conhecimento da realidade mas muito desviado das necessidades diárias e sobretudo aqueles que um dia serão parte integrante da sociedade como beneficiários, os alunos.
O livro o Director de Turma, é por isso uma obra de inegável valor, um documento essencial, que nenhum burocrata deveria prescindir na hora de decidir, na hora de impor, mas sobretudo na hora de legislar.