Devido aos estímulos que voltei a receber na semana passada, recupero um texto que já escrevi há alguns anos, mas que, na minha opinião, mantém a sua atualidade. Este texto limita-se a partilhar a minha visão sobre liderança. É sobre mim e sobre essa visão. Isso e apenas isso, sem outras leituras ou outros destinatários.
“Que me perdoem os chefes, mas desde que atingi a minha maturidade profissional que afirmo com frequência que um chefe é um mau líder.
Afirmo-o com base na minha experiência pessoal e na observação de casos de concretos.
O verdadeiro líder exerce naturalmente a sua liderança que é aceite com a mesma naturalidade pela sua equipa, não precisando, para isso, de se colocar em “bicos de pés” ou em cima de qualquer pedestal.
Essa liderança natural assenta no planeamento, na capacidade de organização, na colocação das pessoas certas nos lugares certos, na assertividade da delegação de tarefas e dispensa a sua presença permanente e a necessidade de fazer ouvir o seu ego através de uma contínua voz de comando.
O verdadeiro líder “fala” sempre na primeira pessoa do plural porque tem consciência que o “nós” é infinitamente mais importante que o “eu”. Além do mais, ele sabe que o ativo mais importante que tem de gerir são os recursos humanos, porque, por mais qualidade que tenha, os resultados só se atingem com as pessoas.
Nos momentos mais difíceis, ele é o primeiro a dar um passo em frente para proteger a sua equipa e assumir o que só ele pode assumir e também sabe resguardar-se na retaguarda dessa mesma equipa nos momentos de glória para permitir que os focos do sucesso incidam em quem tem realmente importância – novamente as pessoas!
O líder sabe que a diferença, a mais-valia e aquilo que acrescenta valor não é exclusivamente da sua responsabilidade, sendo sempre o somatório da qualidade de cada um que contribui assim para o resultado do todo.
Ele sabe dar espaço à sua equipa, sem deixar de a consciencializar que “liberdade rima com responsabilidade”, mas, acima de tudo, cultiva o sentimento de independência para permitir o crescimento pessoal e profissional.
Ao contrário do “chefe” que receia que esse crescimento se transforme numa ameaça às suas ambições futuras, o líder estimula esse crescimento porque tem consciência daquilo que vale e porque sabe que esse crescimento será benéfico para todos – para as pessoas, para a organização e também para si.
Apesar de tudo, guardo para mim que, por mais livros que se leiam e por mais teorias que se dominem, a liderança é uma característica pessoal inata que dificilmente se decreta.
Talvez seja por isso que existam tantos chefes e tão poucos líderes e é definitivamente por tudo isto que “um chefe será sempre um mau líder!”