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Air France interessada na TAP, mas “pisca o olho” à Air Europa

A Air France-KLM assegurou esta quinta-feira que mesmo que a privatização da TAP seja adiada devido à crise política em Portugal mantém o interesse, mas pediu definição e estabilidade o mais rápido possível. Mas a companhia portuguesa não é a única na mira do grupo franco-neerlandês, que também está interessada na Air Europa. E não consegue apontar qual das duas prefere

A privatização da TAP e o potencial interesse da Air France/KLM na companhia portuguesa foi um dos temas em destaque na conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2024 da Air France/KLM esta quinta-feira, com o presidente do grupo a sublinhar que seria o melhor parceiro para a transportadora lusa, dada a sua experiência de duas décadas com dois Estados como acionistas.

Air France interessada na TAP, mas "pisca o olho" à Air Europa
Foto: Executive Digest – Sapo – Ben Smith 

Ben Smith desdramatizou o impacto da crise política portuguesa na privatização da TAP, mas disse que gostaria de ter visibilidade sobre o processo “o mais rápido possível”.

“O facto de poder haver um atraso de seis ou 12 meses não me parece algo material, mas gostaríamos de ter visibilidade na definição do processo o mais rapidamente possível”, admitiu Ben Smith, na conferência onde explicou à imprensa os resultados da Air France-KLM, que fechou 2024 com ganhos operacionais de 1,6 mil milhões de euros, uma queda de 6,4% face a 2023.

O responsável garantiu ainda que estão a acompanhar a situação em Portugal e esperam que “haja estabilidade” para poderem avançar com o processo.

O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu na quarta-feira eleições antecipadas em maio, no final de um dia em que o primeiro-ministro anunciou uma moção de confiança – já aprovada esta quinta-feira em Conselho de Ministros – que tem chumbo prometido dos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, e que deverá ditar a queda do Governo na próxima semana.

Durante a conferência, Ben Smith admitiu ainda que estão interessados em comprar a participação de 20% na Air Europa detida pela IAG, dona da Iberia e também uma das interessadas na TAP.

“Há três ou quatro companhias aéreas que continuam a ser independentes, ou seja, que não fazem parte dos três grandes grupos europeus”, disse o responsável referindo-se à TAP, Air Europa e à finlandesa Finnair.

“A Air Europa é uma companhia aérea familiar, interessante. Tem uma rede diferente da TAP, não se centrando tanto no Brasil”, acrescentou.

Ben Smith confirmou que estão a olhar para a Air Europa, tal como para a TAP. “Não posso dizer qual é a companhia aérea que preferimos”, apontou.

Cooperação entre governos

Questionado sobre quais os motivos que colocam a Air France-KLM como melhor candidata para a compra da TAP, face à Lufthansa e IAG, Ben Smith não hesitou em apontar as relações com os governos de França e dos Países Baixos.

“Dos três grupos, na Europa, somos o único que trabalhou com sucesso com dois governos”, reforçou.

A Air France-KLM tem o Estado francês como maior acionista, com 27,9%, seguindo-se os Países Baixos com 9,13%. Da estrutura fazem parte também a francesa CMA CGM com 8,8%, a China Eastern Airlines com 4,58% e a norte-americana Delta com 2,8%.

“Temos dois governos na nossa estrutura acionista e a relação funciona bem. Temos as nossas estratégias alinhadas, e penso que isso é atrativo para o Governo português. Não posso falar por eles, mas penso que isso nos torna mais atrativos porque temos esta experiência de 20 anos”, acrescentou.

Na semana passada, numa visita a Portugal, o Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu uma “forma inovadora de casamento” entre a Air France e a TAP.

Na comitiva do presidente francês veio também o presidente executivo da Air France-KLM, que, em declarações à imprensa, já tinha afirmado que o grupo está pronto para apresentar o seu projeto à privatização da TAP, mantendo a marca e o ‘hub’ [plataforma de distribuição de voos], condições já divulgadas pelo Governo para a venda da companhia portuguesa.

O grupo fechou 2024 com lucros operacionais de 1,6 mil milhões de euros, uma queda de 6,4%, foi divulgado esta quinta-feira.

Apesar da forte procura e do crescimento do turismo a nível global, os resultados anuais da Air France-KLM foram impactados pelas greves realizadas no início do ano e aumento de custos, tal como a Lufthansa, que também reportou uma queda de 18% dos lucros, justificada pelos mesmos motivos.

As receitas do grupo aéreo franco-neerlandês cresceram 4,8% para 31,5 mil milhões de euros, impulsionadas pelo aumento da capacidade de 3,6%, uma receita unitária estável e um aumento das receitas de manutenção de terceiros, de acordo com a apresentação dos resultados de 2024.

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