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Montenegro e os jornalistas

Pouco mais posso adiantar ao que o Diretor de ORegiões escreveu no seu editorial de 8 de outubro passado. Nesse texto estão colocadas as questões que considero essenciais nesta matéria, designadamente o poder dos grandes grupos económicos e a falta de apoio aos pequenos jornais, a precariedade dos jornalistas ou a desvalorização do serviço público

Mas, quem diria, há um aspeto em que compreendo Montenegro: também a mim me impressiona a sofreguidão e pressão dos repórteres, quando procuram respostas às suas questões. Sim, recebem “ordens” pelos auriculares, é a redação a exigir insistência para “não largarem o osso”, seja o político, a mãe que perdeu o filho no incêndio ou o idoso que ficou sem casa em alguma calamidade.

Nada de novo, desde o nascimento do jornalismo que esse funcionamento existe, pois é a forma de ganhar audiências e vender. Mas nesta sociedade de imediatismo e concorrência desenfreada, cada vez mais se exigem braking news, alertas, notícias no momento. Acresce que muitos dos repórteres são jovens estagiários que têm de “de dar prova de vida e “sacar caixas”.

Compreendo Montenegro quando fala em tranquilidade no jornalismo. Só que essa intranquilidade não é uma mera opção redatorial, é uma quase imposição do mundo em que vivemos. E não cabe ao Estado fazer com que “a comunicação social exerça as suas funções de forma menos ofegante”, isso seria interferir num jornalismo que se quer livre.

Acresce que se a reflexão e a serenidade são aliadas do jornalismo, a intranquilidade e a urgência também o são, e foram determinantes para muitos exercerem esta profissão no tempo da ditadura do Estado Novo. Mesmo atualmente são necessários jornalistas insubmissos e independentes.

Duas notas finais.

Montenegro declara que o jornalismo deve ser dignificado e livre dos poderes que o limitem. Ontem mesmo deu uma entrevista a
Maria João Avilez, que já não é jornalista, e quer acabar com a publicidade na RTP1 e assim apoiar as audiências das televisões privadas.

Ingenuidade, ignorância ou hipocrisia?

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Joaquim Correia
Joaquim Correia
“É com prazer que passo a colaborar no jornal Regiões, até porque percebo que o conceito de “regiões” tem aqui um sentido abrangente e não meramente nacional, incluÍndo o resto do mundo. Será nessa perspectiva que tentarei contar algumas histórias.” Estudou em Portugal e Angola, onde também prestou Serviço Militar. Viveu 11 anos em Macau, ponto de partida para conhecer o Oriente. Licenciatura em Direito, tendo praticado advocacia Pós-Graduação em Ciências Documentais, tendo lecionado na Universidade de Macau. É autor de diversos trabalhos ligados à investigação, particularmente no campo musical

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