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No país dos fiordes: Relações com Portugal são amenas

Na vinoteca de um centro comercial de Oslo, Noruega, os vinhos portugueses são residuais perante a supremacia dos espanhóis e italianos e na segunda cidade mais importante e turística, Bergen, nem uma referência a Lisboa a par de outras capitais europeias como Madrid, Roma ou Paris

No país dos fiordes: Relações com Portugal são amenas
D.R.
No país dos fiordes: Relações com Portugal são amenas
D.R. – Museu Minch
No país dos fiordes: Relações com Portugal são amenas
Foto: Ópera de Oslo

Será falta de empreendedorismo ou insuficiente estratégia comercial e cultural, ainda que Portugal seja um dos principais países importadores do bacalhau da Noruega?

Ao longo de uma semana, percorrendo 1500 quilómetros de carro, na região da capital norueguesa e de Bergen, cidades principais – nesta época do ano, a beleza dos fiordes cobertos de neve começa a dar lugar ao desabrochar dos verdes florestais da Primavera – não encontrei referências portuguesas.

Além de um dos principais importadores do bacalhau da Noruega, também após a invasão da Ucrânia pela Rússia, Portugal é um beneficiário das exportações do petróleo deste país calmo, de que evita conflitos e de elevados padrões educacionais, culturais e tecnológicos. Além do norueguês, toda a gente fala inglês e várias outras línguas opcionais.

Mas, no restaurante “The Salmon”, o mais famoso do género em Oslo, uma jovem bonita, recebeu-nos num português perfeito e claro. Era Ana, capa no jornal com o nome do restaurante e que tem a carta do menu. Na sexta página é referido que a Ana é “restaurante manager. É apontada como sendo de Portugal, mas com mistura alemã. Dá formação a outros empregados e faz os clientes “sentirem-se bem recebidos e felizes” pela sua atenção.

Na Noruega, um país de 5,5 milhões de habitantes, em 2023, apenas estão oito centenas de portugueses. Especialmente exportador de petróleo e peixe, é o salmão – Portugal, apesar de o produzir, também importa – o principal ingrediente da gastronomia norueguesa. É desenvolvido em sistema de aquacultura desde os anos 60. Os viveiros estão nas águas salgadas, frias e calmas do país escandinavo e esta combinação de circunstâncias faz com que o salmão cresça devagar, ao seu ritmo, e desenvolva naturalmente um sabor específico. A ilha de Lovund, a sul, onde as primeiras redes foram colocadas em 1972, tinha 50 habitantes e hoje com esse comércio do salmão, tem 500 pessoas.

Portugal e Noruega, ambos da Nato e do Conselho da Europa, têm, segundo o portal diplomático, relações que “têm vindo a ser aprofundadas ao longo dos últimos anos”, destacando-se a cooperação em assuntos marítimos, a nível comercial e científico. Os oceanos constituem uma área privilegiada de cooperação bilateral e multilateral.

Não pertencendo à União Europeia, as relações com Portugal estabelecem-se sob vários convénios e acordos. A 31 de Dezembro de 1895, é assinado em Lisboa um Tratado de comércio e navegação entre Portugal e a Noruega.

No entanto, o último presidente da República a fazer uma visita oficial à Noruega foi Cavaco Silva, em 2015, tendo anteriormente Jorge Sampaio visitado este país por ocasião da entrega do prémio Nobel da Paz a Ximenes Belo e Ramos Horta de Timor-Leste em 1996 e posteriormente em 2004. O primeiro presidente português a visitar este pais foi o General Ramalho Eanes em 1980.

A Noruega, uma monarquia constitucional, e Portugal são defensores do multilateralismo, da democracia, do Estado de Direito e do respeito pelos direitos humanos no seio das estruturas que integram, com destaque para a Organização das Nações Unidas.

O número de empresas portuguesas exportadoras para o mercado norueguês é de 1088. Em 2023 a exportação do bacalhau da Noruega para Portugal foi de 123.900 toneladas o que representa 36 por cento do total exportado, estando previsto para 2024 o maior consumo sobre o bacalhau crescido “dada a abundância deste categoria”, de acordo com dados oficiais.

Segunda maior economia escandinava, e membro do Espaço Económico Europeu, a Noruega é o 4.º e o 10.º maior exportador mundial de gás natural e petróleo, respetivamente, e o maior fornecedor de energia à Europa. Dotada de mão de obra qualificada, é um exemplo de Estado Social, com políticas redistributivas e um elevado padrão de serviços públicos. Regista um dos maiores PIB per capita do mundo.

Em 1990, com vista a estabilizar a economia face às oscilações das cotações globais dos hidrocarbonetos e antecipando quebras na produção, a Noruega criou o Fundo Estatal Petrolífero, o maior fundo soberano do mundo, cujos dividendos contribuem para financiar a despesa pública.

A emigração portuguesa para a Noruega é um fenómeno recente e, apesar do aumento verificado em 2022, a entrada de portugueses na Noruega continua a representar uma fração muito pequena da imigração neste país (0.9%).Segundo dados do Statistics Norway, em 2022 entraram no país 784 portugueses. A comunidade norueguesa em Portugal é de 965 pessoas..

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Otília Leitão
Otília Leitão
Doutorada em Ciências da Comunicação no ISCTE-IUL (2021), Mestre em Comunicação, Media e Justiça Universidade Nova de Lisboa ( 2010-2012). Licenciatura em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa (Menção jurídico políticas). Curso de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (sistema e-learning) Instituto Camões.

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