Quarta-feira,Maio 7, 2025
9.4 C
Castelo Branco

- Publicidade -

Jovens consomem menos álcool e drogas, mas jogam mais a dinheiro

O consumo de álcool, tabaco e drogas ilícitas continua a descer entre os jovens em Portugal. No entanto, o jogo eletrónico e o jogo a dinheiro estão a tornar-se cada vez mais comuns. Estas são algumas das conclusões do estudo “Comportamentos de Consumo de Álcool, Tabaco, Drogas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências”, divulgado esta terça-feira pelo Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD). Álcool e tabaco continuam a ser as substâncias mais consumidas.

Os comportamentos aditivos entre os alunos do ensino público, entre os 13 e os 18 anos, são actualmente “menos gravosos”. Já os “comportamentos de maior risco estão confinados a uma minoria” e “são mais esporádicos do que frequentes”. No entanto, os jovens têm consumido mais analgésicos fortes e têm jogado mais videojogos e a dinheiro. Estas são algumas das conclusões do estudo sobre os Comportamentos de Consumo de Álcool, Tabaco, Drogas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências (ECATD-CAD), que será apresentado nesta terça-feira.

“Há fenómenos que, face ao estudo anterior, se tornaram mais prevalentes, como o consumo de analgésicos fortes com o intuito de ficar ‘alterado’, o jogo electrónico e o jogo a dinheiro”, avança o Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), entidade responsável pela investigação, com base num estudo que inclui uma amostra de 11.083 alunos de 1992 escolas do ensino público de todas as regiões de Portugal continental e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

As raparigas bebem, fumam e tomam mais sedativos e analgésicos do que os rapazes, que lideram no uso de substâncias ilícitas, revela um estudo que aponta “uma clara tendência” de descida no consumo do álcool, tabaco e droga.

Os resultados permitem constatar que “o cenário é hoje globalmente menos gravoso, sendo que os comportamentos de maior risco estão confinados a uma minoria, sendo mais esporádicos do que frequentes”, destaca o estudo do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD).

Contudo, há fenómenos que, face ao estudo anterior, realizado em 2019, se tornaram mais prevalentes, como o consumo de analgésicos fortes com o intuito de ficar “alterado”, o jogo eletrónico e o jogo a dinheiro.

O álcool é a principal substância psicoativa consumida entre os jovens, seguindo-se o tabaco e, com uma expressão ainda menor, as substâncias ilícitas e determinados medicamentos psicoativos. As raparigas recorrem mais ao álcool, tabaco e sedativos, mas drogas ilícitas são mais usadas por rapazes

A maioria dos inquiridos (58%) ingeriu pelo menos uma bebida alcoólica ao longo da vida, sendo que 48% bebeu nos 12 meses anteriores ao inquérito ‘online’.

Entre as bebidas mais consumidas no último mês, destacam-se os ‘alcopops’ (24%), a cerveja (22%) e as bebidas destiladas (22%). Já 29% embriagaram-se ligeiramente ao longo da vida, enquanto 22% fizeram-no no último ano e 11% último mês. A prevalência de embriaguez severa é consideravelmente menor: 19%, 15% e 6%, respetivamente.

Por outro lado, 17% ingeriram bebidas alcoólicas de uma forma ‘binge’ (cinco ou mais doses numa mesma ocasião) no último mês.

Um quarto dos jovens já fumou alguma vez na vida, 17% no último ano e 10% no último mês. “Embora sejam muito poucos os inquiridos que consomem tabaco diariamente”, 22% adota este padrão de consumo no caso dos cigarros tradicionais e 12% nos cigarros eletrónicos.

Consumo de canábis

O estudo revela que 7% dos alunos já consumiram alguma vez uma droga ilícita, sendo que 6% o fez no último ano e 3% no mês anterior ao inquérito. A canábis é a substância ilícita mais consumida, mas a percentagem que a usa numa base diária ou quase diária é inferior a 1%. Quando se considera apenas o grupo dos consumidores atuais, a percentagem sobe para 10%.

Quanto aos medicamentos, o estudo aponta que 8% já tomou alguma vez na vida, por indicação médica, sedativos e 3% ‘nootrópicos’, enquanto 5% e 2%, respetivamente, os tomaram sem prescrição médica. Há 3% que diz que tomou analgésicos muito fortes pata ficar alterado.

O inquérito conclui que, “nas várias temporalidades, o consumo de álcool, tabaco, tranquilizantes/sedativos e analgésicos fortes são práticas mais femininas do que masculinas, ao contrário das drogas ilícitas”.

“Se na anterior edição se falava de um claro esbatimento das diferenças de género e numa tendência de aproximação do consumo de álcool entre os dois sexos, em 2024 verifica-se que esta é já uma prática mais feminina do que masculina e mesmo no que concerne aos comportamentos de risco acrescido é possível constatar uma aproximação ou mesmo uma maior prevalência entre as raparigas”, salienta.

Relativamente ao tabaco, a tendência de descida é cada vez mais acentuada e deve-se a “um decréscimo muito expressivo” do consumo de cigarros tradicionais, particularmente entre os rapazes.

O consumo de drogas ilícitas também se tornou menos prevalente face a 2019, sendo a descida proporcionalmente bastante acentuada de canábis ou de outras substâncias proibidas.

“Face ao estudo anterior, são hoje menos os alunos que iniciam os consumos em idades precoces (13 anos ou menos), tendo a iniciação precoce ao álcool e ao tabaco de combustão descido de uma forma muito acentuada. Por sua vez, considerando o grupo dos consumidores recentes, o início do consumo de cigarros eletrónicos e de canábis faz-se hoje mais cedo do que em 2019”, refere o estudo.

Também há menos alunos a considerar fácil o acesso às diversas substâncias psicoativas, sendo que a descida é mais acentuada no que se refere a cigarros tradicionais e a ‘alcopops’ (bebida alcoólica mista com teor alcoólico relativamente baixo).

Rapazes jogam mais videojogos e apostam mais dinheiro

O estudo revela ainda que a grande maioria dos inquiridos jogou jogos eletrónicos no último mês, enquanto o jogo a dinheiro é uma prática muito menos prevalente: 18% jogaram a dinheiro no último ano, com destaque para lotarias, apostas desportivas e jogos de cartas/dados.

A percentagem que, no último mês, passou quatro ou mais horas diárias a jogar videojogos é de 30% em dias sem escola e 10% em dias de escola, refere o estudo, apontando que 39% jogaram numa base diária ou quase diária, isto é, em pelo menos quatro dias da semana anterior à realização do inquérito ‘online’.

“Tanto o jogo eletrónico como o jogo a dinheiro são práticas mais masculinas do que femininas, sendo a diferença entre os dois sexos particularmente acentuada”, salienta o estudo do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências.

Por outro lado, os alunos do ensino secundário jogam mais a dinheiro do que os alunos do 3.º Ciclo, enquanto se verifica o inverso no caso dos videojogos.

Jovens pedem ajuda por causa do vício

Os dados revelam que o jogo a dinheiro se tornou, nos últimos 12 meses, mais prevalente, sendo que a subida se faz muito à custa de um grande aumento entre as raparigas e entre os alunos mais novos.

Em comparação com o último estudo realizado em 2019, há menos jogadores a jogar em lotarias e, sobretudo, a fazer apostas desportivas, enquanto há mais a jogar cartas/dados a dinheiro e em ‘slot machines’.

Também comparativamente a 2019, o jogo a dinheiro entre os alunos distribui-se hoje por várias formas de jogo, em vez de estar concentrado sobretudo nas apostas desportivas.

“Entre os respetivos jogadores, o jogo eletrónico considerado problemático aumentou, enquanto o jogo a dinheiro de maior risco associado desceu”, salienta o estudo.

O ECATD-CAD é um estudo transversal que resulta da aplicação do questionário ESPAD (European school survey project on alcohol and other Drugs) em amostras representativas dos alunos do ensino público português com idades entre os 13 e 18 anos. No essencial, o presente estudo constitui o alargamento do ESPAD a alunos de outros grupos etários, pelo que os procedimentos metodológicos são genericamente os mesmos.

- Publicidade -

Não perca esta e outras novidades! Subscreva a nossa newsletter e receba as notícias mais importantes da semana, nacionais e internacionais, diretamente no seu email. Fique sempre informado!

Partilhe nas redes sociais:

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques

- Publicidade -

Artigos do autor

Não está autorizado a replicar o conteúdo deste site.