Rão Kyao encantou, mais uma vez, com a sua flauta de bambu ao lado da estilizada Lu Yanan, professora de música e cantora chinesa que tocou o instrumento museológico “guzheng”, no convento de Mafra. O recital culminou com um hino à paz cantado em uníssono e em sussurro pelo público, num momento de extrema beleza.

Foram momentos de extrema beleza em “Porto Interior” espetáculo inspirado por Macau, que Rão Kyao recorda como “um território (“Coloane”) onde se viveu e conviveu ao longo de 400 anos, numa paz bucólica harmoniosa”.

Os temas originais foram de reportórios do folclore clássico português e chinês, com uma incursão na improvisação e refletem os mercados e a vida da grande cidade da vida que é Macau”, disse.
Assim se interpretaram entre temas de festa chineses, alegres, também a “O amor”, “flor de Yanan” e a tradicional música da Beira Alta, “Oliveirinha da Serra” que a artista chinesa soube acompanhar de forma magistral também com outro instrumento de corda, o “pípá”.
Instrumentista e cantora chinesa, Lu Yanan que actuou como solista, com a Orquestra Filarmónica de Pequim, utilizou os instrumentos musicais chineses integram o acervo do Museu do Centro Científico e Cultural de Macau em Lisboa.

O espetáculo culminou com um hino à “celebração da paz”, que Rão Kyao considerou “ser muito importante” e “do qual os chineses e portugueses em Macau são exemplo de que é possível com um espírito unificado. Nós precisamos de paz!”
O público presente respondeu, sussurrando em uníssono, sem que as músicas e as vozes dos dois artistas fossem beliscadas, num momento de extrema beleza.
Organizado pela Câmara Municipal de Mafra, com o patrocínio da Fundação Jorge Álvares, que inauguraram a exposição Instrumentos Musicais Chineses, no passado dia 7 de julho de 2022, por ocasião do 3.º aniversário da inscrição do Real Edifício de Mafra na Lista do Património Mundial da UNESCO.
Esta exposição vai prolongar-se até 15 de maio, no seguimento do culminar de uma conferência internacional em Lisboa, sobre instrumentos musicais e que decorrerá de 9 a 13. Neste dia haverá um novo concerto de encerramento da exposição que já dura há cerca de um ano, na Galeria de Exposições no Torreão Sul. Estes instrumentos foram utilizados pela Orquestra Chinesa de Macau nas suas diversas digressões em Portugal e noutras cidades europeias ao longo das décadas de 80 e 90 do século XX.
O projeto tem o contributo científico de Enio de Souza, representante do Instituto de Etnomusicologia, Centro de Estudos em Música e Dança da Universidade Nova de Lisboa, que assume as funções de Comissário Científico da exposição, bem como de Frank Kouwenhoven, Diretor da European Foundation for Chinese Music Research (CHIME).