A Comissão Europeia avança com a retaliação às tarifas de Trump, e promete atingir sectores e Estados norte-americanos que são caros ao Presidente dos EUA. “Tentamos atingir onde dói”, diz fonte comunitária, explicando a lógica por detrás da escolha dos produtos norte-americanos que serão alvo de tarifas europeias.
Bruxelas avança para a retaliação às tarifas norte-americanas sobre o aço e alumínio. Resposta europeia tenta atingir Donald Trump “onde mais lhe dói”, mas Ursula von der Leyen mantém a porta aberta ao entendimento.
A União Europeia (UE) anunciou esta quarta-feira contramedidas, a partir de 1 de abril, às tarifas alfandegárias de 25% impostas pelos Estados Unidos às importações de aço e alumínio.
“Como os Estados Unidos estão a aplicar tarifas no valor de 28 mil milhões de dólares (26 mil milhões de euros), estamos a responder com contramedidas no valor de 26 mil milhões de euros”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em comunicado.
Na nota, a Comissão garante que se mantém “sempre aberta” à negociação. “Acreditamos firmemente que, num mundo repleto de incertezas geopolíticas e económicas, não é do nosso interesse comum sobrecarregar as nossas economias com tarifas”, afirmou von der Leyen.
As taxas de 25% impostas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, ao aço e ao alumínio entraram hoje em vigor às 00h01 (4h01 em Lisboa), marcando uma nova etapa na guerra comercial entre os Estados Unidos e os principais parceiros comerciais.
As regiões abrangidas incluem, além da União Europeia, Canadá, China, Japão e Austrália, e o objetivo declarado de Trump passa por proteger a indústria siderúrgica dos EUA, que tem visto a produção diminuir de ano para ano face a uma concorrência cada vez mais forte, particularmente da Ásia.
Os Estados Unidos importam cerca de metade do aço e do alumínio utilizados no país, para setores tão variados como as indústrias automóvel e aeronáutica, a petroquímica e os produtos de consumo básicos, como os enlatados.
“As duas indústrias que mais consomem aço nos Estados Unidos são o setor automóvel e a construção civil, tanto residencial como comercial”, afirmou o investigador do ‘think-thank’ Cato Institute, Clarke Packard, citado pela agência France-Presse.
Desde a entrada em funções, Donald Trump tem recorrido às tarifas, utilizando-as como instrumento de negociação com os parceiros comerciais dos Estados Unidos, como incentivo à instalação de empresas no país e como fonte de receitas para as finanças federais.