O líder do partido de extrema-direita Ergue-te, Rui Fonseca e Castro, e o neonazi Mário Machado, do Grupo 1143, detidos na tarde desta sexta-feira, 25 de abril, após desacato no Rossio, em Lisboa, durante a manifestação ilegal organizada pela extrema-direita, vão ser ouvidos na próxima segunda-feira, às 10h, pelo MP da instância de Pequena Criminalidade. Em comunicado, o Governo agradece a acção da PSP e expressa solidariedade com os dois agentes feridos após confrontos em Lisboa
O Governo expressou gratidão às forças de segurança pelo trabalho desempenhado ao longo do dia de sexta-feira, 25 de Abril, e a sua solidariedade, em particular, aos dois agentes da PSP feridos em Lisboa. O ex-juiz Fonseca e Castro e Mário Machado estão indiciados pelos crimes de desobediência, resistência, coação e ameaça a órgãos de comunicação social, sendo presentes esta segunda-feira a Tribunal. Ambos os líderes dos movimentos neo-nazis envolvidos nos confrontos já têm um historial de confrontos e crimes com as autoridades. Os grupos que lideram são investigados
“O Governo tem estado a acompanhar, em conjunto com as autoridades policiais e de segurança, a situação das diferentes manifestações e o desenrolar dos eventos nas ruas, saudando os muitos milhares de portugueses que hoje se manifestaram de forma pacífica e ordeira em diversos pontos do território nacional”, lê-se num comunicado do Ministério da Administração Interna (MAI).
No comunicado, o Governo assinala que, “infelizmente”, “uma minoria terá ultrapassado os limites legais do exercício ordeiro da liberdade de manifestação e expressão, o que levou à intervenção da Polícia para repor a ordem pública e legalidade, como é seu dever, e como tem feito em outras ocasiões, independentemente das motivações, ideologias, ou organizações subjacentes aos comportamentos desordeiros”.
Assim, o Governo quis exprimir “o seu agradecimento e apoio às forças de segurança e a sua solidariedade aos dois agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) que foram agredidos no cumprimento da sua missão de defesa da segurança dos portugueses e da ordem pública”.
Três detidos, inclusive os líderes do Ergue-te e do grupo de extrema-direita 1143, quatro pessoas identificadas e dois polícias com ferimentos ligeiros foi o balanço da operação policial desta sexta-feira associada a uma manifestação não autorizada em Lisboa, revelou a PSP.
O comandante da 1ª Divisão Policial do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, Iúri Rodrigues, lembrou a realização de “dois eventos que foram comunicados e que foram proibidos pela autoridade competente”, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), referindo-se a duas concentrações marcadas para o Martim Moniz, uma promovida pelo partido Ergue-te e grupos de extrema-direita e uma contramanifestação a essa mesma iniciativa.
Esses dois eventos justificaram a mobilização de um dispositivo policial para “fazer cumprir a ordem da autoridade administrativa, portanto a proibição” da realização dessas iniciativas, explicou Iúri Rodrigues, referindo que o partido Ergue-te tentou realizar a iniciativa no Largo de São Domingos, junto ao Rossio, e foi nesse local que se verificaram dois momentos de “elevada tensão”, que exigiram a intervenção da PSP.
Quanto ao tradicional desfile das celebrações do 25 de Abril, desde a Praça Marquês de Pombal até à Avenida Liberdade, “decorreu praticamente sem quaisquer incidentes”, adiantou Iúri Rodrigues, referindo que houve também um desfile que se concentrou no Largo do Rato e foi até à Praça do Comércio, onde se registou “a tentativa de arremesso de um ovo durante o desfile, que felizmente não acertou em ninguém”.